A palavra piracema tem origem do tupi e significa “subida do peixe”. Ela representa o período no qual determinadas espécies de peixes realizam extensivas jornadas rio acima, com o objetivo de garantir um local adequado para a reprodução e nutrição. Esse movimento, chamado de migração, resulta na utilização das reservas de gordura dos peixes, o que, por sua vez, estimula a liberação de hormônios que promovem o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos.
Algumas dessas espécies viajam distâncias que ultrapassam os mil quilômetros para alcançar as nascentes dos rios, efetuando uma jornada cansativa, mas crucial para o sucesso do processo de reprodução.

Não, apenas determinadas espécies necessitam nadar contra a correnteza do rio para cumprir seu ciclo reprodutivo.
Isso deve-se ao seu comportamento reprodutivo, as espécies de peixes podem ser classificadas como sedentárias e migradoras. As espécies sedentárias podem completar todo o seu ciclo de vida em uma mesma área da bacia hidrográfica em que vivem. Mas as espécies migradoras, que realizam a piracema, precisam basicamente de dois ambientes: áreas de desova e áreas de crescimento e alimentação.
A piracema ocorre nos
períodos chuvosos, épocas em que se observa uma maior abundância de alimentos, o que é fundamental para os peixes em migração. Além disso, com o acúmulo de detritos nos rios, a visibilidade na água é reduzida, o que ajuda os peixes a protegerem-se de predadores.
Na bacia hidrográfica dos rios Araguaia/Tocantins, da qual o rio Bonito faz parte, a piracema ocorre de 1º de novembro de um ano até 28 de fevereiro do ano seguinte.
Durante a piracema, a pesca fica restritiva (período de defeso), uma vez que os grandes cardumes encontram-se no seu período de reprodução.
É proibida a pesca, em todas as bacias hidrográficas do Estado de Goiás, durante o período de defeso, nas seguintes modalidades:
- pesca amadora;
- pesca subaquática;
- pesca ornamental e;
- pesca artesanal.
É permitida apenas a pesca de subsistência durante o período de defeso.
Os sistemas de transposição de peixes (STPs) são estruturas que possibilitam a migração dos peixes entre as partes de baixo e cima de uma barragem, sendo muito importantes por permitirem a reprodução dos peixes de piracema, que se deslocam em direção às cabeceiras dos rios neste processo.
A PCH Tamboril conta com uma escada passa-peixe implantada junto a barragem/barramento, conforme pode ser observado na imagem abaixo.

Espécies exóticas são aquelas que não ocorrem naturalmente nos rios/lagos, elas são introduzidas no ambiente por pessoas de forma acidental ou intencional e podem colonizar outros rios ao longo da bacia hidrográfica.

- Competição por recursos: Espécies exóticas podem competir com as espécies nativas por recursos como alimento, habitat e espaço. Isso pode resultar em redução populacional e até extinção de espécies nativas que não conseguem competir eficazmente.
- Predação: Algumas espécies exóticas podem se tornar predadores eficazes de espécies nativas que não evoluíram para lidar com essas ameaças. Isso pode levar a uma redução nas populações de espécies nativas, desequilibrando a cadeia alimentar.
- Dificuldade de controle: Uma vez estabelecidas, algumas espécies exóticas podem ser difíceis de erradicar. Isso ocorre porque elas podem se reproduzir rapidamente, adaptar-se às condições locais e não ter predadores naturais que as controlem.
- Perda na biodiversidade: Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a introdução de espécies exóticas nos rios constituem a segunda principal causa de perda na biodiversidade global. A perda de biodiversidade refere-se à diminuição da variedade de vida na Terra, incluindo as diferentes espécies de seres vivos e seus ecossistemas.
Adaptado de: iberdrola.com/sustentabilidade/especies-invasoras